Relato de Amamentação | 5 anos, 8 mêses e 1 dia!
- Gisela Teixeira-Santos
- Aug 31, 2018
- 3 min read
A amamentação pra mim sempre foi uma coisa muito natural. Minha mãe amamentou todas nós prolongadamente e a livre demanda. Então, quando minha filha nasceu, colocar ela no meu peito veio naturalmente. Não tivemos nenhum problema grave na hora de amamentar; ela chorava, eu colocava no peito, ela mamava. E assim foi os nossos primeiros seis meses amamentando. Mesmo depois de introduzir as papinhas, minha filha preferiu mamar, e o meu leite ainda era o prato preferido do dia!

Photo credit: Cris Kober
Quando engravidei novamente minha filha estava com 1 ano e 4 meses e mamando. Nunca passou pela a minha cabeça de parar de amamentá-la. Continuei normalmente a nossa rotina; chegava do trabalho deitava-mos e ela mamava. Com 26 semanas de barriga comecei a sentir Braxton Hicks e avisei a medica. Ela imediatamente culpou a amamentação, disse que isso que estava causando. Sem querer desrespeitar qualquer profissional, mas ela nem me perguntou como era o meu dia-a-dia. Afinal tive Braxton Hicks na primeira gravidez e não tinha ninguém mamando. Meu dia começava bem cedo e meu trabalho era super estressante, mas isso não foi visto como fator. Foi a última vez que a vi. Continuei amamentando até entrar em trabalho de parto. Minha filha foi dormir e nós fomos pro hospital. Umas horinhas depois nasceu meu filho e logo depois foi pro peito também. Não me perguntem o tipo de leite que produzi antes e depois que ele nasceu, só sei que confiei no meu corpo pra fazer o que sabe. Amamentei os dois em livre demanda até minha filha completar 4 anos e 7 meses e meu filho por 3 anos e quase 8 meses. No total foram 5 anos, 8 meses, e 1 dia de amamentação constante. Fico feliz que o meu ciclo de amamentação terminou no mês do World Breastfeeding Month! Amamentar me trouxe muitas alegrias, obstáculos e desafios. Alegria de saber que meu corpo sustentou minha filha por 6 meses e meu filho por 5 meses exclusivamente. Alegria de ver eles de mãos dadas enquanto mamavam. Os obstáculos foram de um acordar a noite pra mamar e depois o outro e eu me questionar como ia funcionar com 3 ou 4 horas de sono para trabalhar no outro dia, e depois quando conseguir ficar em casa com eles, como cuidar deles direitinho! Os desafios vieram em formas de pérolas que como mãe a gente escuta: "O filho que mama fica muito dependente da mãe", "wow ela/ele ainda mama", ou meu favorito, "a criança que amamenta até tarde fica imatura"! Frases desnecessárias que mesmo ignorando conseguem magoar. A amamentação trouxe também uma paz com o meu corpo. Com todo o alto estima é difícil comprar tops e biquínis que ficam bonitinhos quando seus seios são 32AA! Roupas sexy não são feitas pra quem não cabe no padrão. Hoje nao uso mas sutiã dentro de sutiã, ou compro enchimento pros meus biquínis, uso o que eu gosto sem vergonha. Meus seios tiveram um propósito maior na minha vida e um impacto ainda maior nos meus filhos. Vejo beleza nisso. Não amamentei por esse tempo todo por um troféu, nem "likes" de redes sociais, fiz porque essa é a minha história, foi assim que aconteceu e não me arrependo. Sinto uma estranha falta às vezes, chego até achar engraçado, quando meu filho chora e eu automaticamente coloco a mão no peito! O que eu desejo da minha história é que nós mães, possamos nos tratar com respeito, e apoiar umas as outras. Sem importar quem amamenta, quem nunca quis, quem tentou e não conseguiu, quem fingiu que quis pra agradar, etc. A maternidade é linda, dura, fácil, crua, solitária, e alegre ao mesmo tempo, e às vezes no mesmo dia. O que nós não podemos fazer é julgar a escolha de uma outra mãe, porque não conhecemos seu passado, suas dores, seus medos. A amamentação é um ato íntimo mas para ser cumprido temos que nos expor então o apoio é crucial para uma mãe. Um sorriso quando uma mãe está amamentando, um olhar carinhoso basta. Ela irar sentir o seu afeto. Agora quando vamos dormir a rotina mudou um pouco. Deito com eles e ninguém mama. Meu filho dorme encolhido do lado do "boob" dele predileto e minha filha pede sempre pra dormir do lado esquerdo pra ela, "me escutar por dentro". Não entendi e ela explicou, "pra ouvir seu coração". Por Gisela Teixeira-Santos Obs. Fui eu que desmamei. Por eles não sei até quando iriam!
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